segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sacrifício - Parte Cinco

- Onde pensa que vai com tanta pressa? – Apesar de distorcida reconhecia a voz de Fernanda!

Seu corpo continuava igual, mas seu rosto parecia o rosto de uma gárgula. Olhei para trás e vi que todos haviam sofrido a mesma transformação. Entrei em desespero. Não sabia o que fazer. Só queria ir embora dali.

- Deixe ele em paz, Fernanda. – Ouvi o Capitão gritar. – Logo ele se juntará a nós.

Ela saiu da minha frente e fez sinal para que eu passasse. Eu disparei pela porta antes que alguma daquelas criaturas viesse atrás de mim. Eu não acreditava no que estava acontecendo, só podia ser um sonho. Mas eu tinha certeza de que estava acordado, mesmo assim me belisquei para confirmar.

Cheguei até a recepção que estava vazia. Fui até a porta e tentei abri-la, mas não consegui.

- Precisa de ajuda? – Era a voz de Melinda. Senti um grande alívio, pois sua voz não estava distorcida como a de Fernanda e a do Capitão.

- Melinda, aconteceu alguma coisa com aquelas pessoas lá dentro. – Eu disse, me virando. Não podia ver seu rosto pois ela estava em uma parte escura da sala.

- Não se preocupe. Logo você irá se habituar com esse pequeno contratempo.

- Do que você está falando? Nós temos que sair deste lugar. Aquelas pessoas se tornaram monstros.

- Não é um termo muito gentil para se referir a nós. – Ela falou vindo em direção a luz.

Vi que seu rosto havia se transformado como os outros. Ela também era um deles. Mais uma vez tentei abrir a porta. Chutei, bati. Tudo em vão. Ela apenas me observava. Fui em direção a janela. Também não tive sucesso.

- Você não entende? Suas tentativas são inúteis. Nós somos programados apenas para receber. Você pode entrar a hora que quiser, mas nunca poderá sair.

Olhei para ela e vi toda maldade estampada em seu olhar. Voltei pelo corredor e fui em direção ao meu quarto. Por sorte não esbarrei com mais nenhuma daquelas criaturas. Tentei abrir a janela do quarto e a do banheiro, mas era impossível. Eu queria entender o que estava acontecendo. Pensei que talvez pudesse ligar para polícia. Peguei o celular, mas continuava fora de área.

Ouvi alguém bater a porta. Fiquei quieto. Bateram novamente, com força. Pude sentir pelas batidas que a pessoa estava nervosa. Hesitei. Não sabia se deveria abrir ou não. Foi então que ouvi sua voz e parecia que tudo de ruim tinha acabado.

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