sábado, 9 de julho de 2011

Desejo - Parte Final

No dia seguinte, acordei assustada, pois havia alguém batendo na porta. Olhei para o lado e vi que ele continuava dormindo como um anjo. Fiquei irritada, imaginando quem estaria batendo na porta para me incomodar em uma manhã de domingo. Torcia para que quem quer que fosse, não se demorasse muito. Eu só tinha mais algumas horas para ficar com o Daniel e a última coisa que eu ia querer era alguém para nos atrapalhar.

As batidas na porta eram insistentes. Tive que gritar para avisar que já estava indo. Desci as escadas correndo, antes que Daniel acordasse com o barulho.

Abri a porta. Para minha surpresa, era a polícia.

- Desculpe-me por incomodá-la a essa hora, senhora. Mas é que houve um assassinato na estrada, aqui perto. – Disse um dos policiais.

Meu coração pulou quando o ouvi. Será que dormir com um assassino? Foi a primeira coisa que pensei.

- A senhora está bem? – O outro perguntou, percebendo minha perturbação.

- Mais ou menos. – Eu disse, um pouco atordoada. – Vocês já prenderam o assassino? – Perguntei, morrendo de medo de ouvir a resposta.

- Pode ficar tranqüila. Ele já está detido. – Eu me senti aliviada - O problema é que não conseguimos identificar a vítima. Não havia nenhum documento com ele. Acho que o ladrão jogou a carteira dele no rio para se livrar da prova e não conseguimos encontrá-la em lugar algum. Como esta é a única casa por perto, talvez a senhora possa conhecê-lo. Nós trouxemos uma foto, a senhora se incomodaria de dar uma olhada e vê se reconhece a vítima?

- Não é a coisa mais agradável do mundo olhar para a foto de um cadáver, além disso, eu não estava esperando visitas, provavelmente não é ninguém que eu conheça.

- Por favor, senhora. Só uma olhadinha rápida. Vai nos poupar um grande trabalho, se a senhora identificá-lo.  – Ele insistiu.

- Tudo bem, já que é para ajudar. Mas tenho certeza de que não vou saber quem é.

Ele me entregou a fotografia. Tive que me segurar para não cair. Minhas pernas ficaram bambas. Não pude acreditar no que estava vendo. Não podia ser possível. Ele estava dormindo em minha cama há alguns minutos. Não poderia estar morto. Talvez algum irmão gêmeo, que ele esqueceu de mencionar.

Recuperei as minhas forças e, sem dizer nada aos policiais, subi as escadas correndo e quando cheguei ao quarto a cama estava vazia. Procurei em todos os cômodos da casa e ele não estava em lugar nenhum. Eu ouvia os policiais me chamarem, mas não dei a mínima.

Eu me sentei na cama e tentei entender o que estava acontecendo. Será que estou ficando louca. Pensei. Aquilo tudo não fazia o menor sentido para mim.

Então me lembrei do livro que falava sobre fantasmas. Mas não podia ser verdade. Só poderia estar sonhando. Lembrei-me do que havia pensado antes de ir para chácara.  Que seria bom se aparecesse um fantasma por lá. Mas nisso eu não poderia acreditar. Tinha certeza de que fantasmas não existiam. O Daniel era de carne e osso. Eu tive prova disso. E que prova. Olhei para foto novamente. Com toda certeza era ele. Até a roupa era a que ele estava usando quando chegou a minha casa.

Foi então que eu olhei para frente e vi que o espelho estava embaçado, como fica o espelho de um banheiro depois de um banho quente. Vi também, que havia uma frase escrita nele. Eu me aproximei para poder ler melhor:

Cuidado com o que deseja, pois algumas vezes os desejos se realizam.

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