sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sacrifício - Parte dois



Ela entrou e segurou a porta para que eu pudesse entrar também. O lugar era simples, mas muito bem arrumado. Tinha uma pequena recepção com um balcão, um sofá marrom e uma televisão bem antiga, que estava desligada. A mulher se posicionou atrás do balcão.

- Boa noite. Meu nome é Melinda. Seja bem vindo. Nossas acomodações são simples, mas confortáveis. E o ambiente é muito familiar. – Ela disse, com sua voz melodiosa.

- Boa noite. Não sei se vou querer um quarto. Só quero esperar a chuva passar. Vocês têm um bar aqui dentro?

- Temos sim. Mas acho que esta tempestade vai durar a noite inteira. Vamos fazer um acordo: você fica com um quarto e só paga se passar a noite toda. Do contrário, fica por conta da casa. – O seu sorriso era tão encantador, que não daria para recusar nenhum pedido vindo daqueles lábios.

- Acho que eu preciso mesmo de uma toalha para me secar, e quem sabe, um banho quente. Mas, eu pago pelo quarto, mesmo que não passe a noite.

- Como o senhor quiser.

- Por favor, me chame de Gabriel.

- Como quiser, Gabriel. Por favor, me acompanhe que vou lhe mostrar seu quarto. – Ela se virou e pegou uma chave que estava pendurada em um dos ganchos.

Eu a segui por um longo corredor. Havia música tocando por trás de alguma das portas. Parecia alguma comemoração, ouvia muitas vozes cantando junto com a música e muita conversa.

- Vocês estão comemorando alguma coisa? Achei que o hotel estivesse vazio. Só havia um carro estacionado lá fora. – Perguntei, intrigado.

- Eu lhe disse que o ambiente era muito familiar. Temos muitos hóspedes que moram aqui. E o único carro que nós temos é o Mercedes que você viu lá fora. Era do meu pai. – Percebi que ela ficou um pouco triste quando falou do carro. Presumi que seu pai estivesse morto e tentei mudar de assunto.

- O que estão comemorando?

- Alguns dos nossos hóspedes são índios. Eles têm algumas datas comemorativas. Eu não entendo muito dessas coisas, mas uma festa é sempre bem vinda. Ajuda a animar o ambiente. – Ela abriu uma das portas – Este é o seu quarto. – Entregou-me as chaves. – Se precisar de alguma coisa é só interfonar. E espero que se junte a nossa festinha. Todos sempre ficam felizes quando tem alguém de fora conosco.

- Obrigado.

O quarto era pequeno, mas muito aconchegante. Tudo estava muito limpo e organizado. A porta do banheiro ficava na parede em frente a entrada do quarto. Resolvi tomar um banho quente. Por sorte minhas roupas não estavam muito molhadas. Liguei o ventilador e deixei que elas secassem um pouco enquanto eu tomava meu banho.

Fiquei pensando no que tinha acontecido naquele dia. Eu tinha me comportado como um idiota. Eu daria tudo para estar ao lado da Carol naquele momento. Eu a amava tanto. Mas meu ciúme acabava fazendo com que eu a magoasse. Ela não merecia. Era tão doce comigo. E na verdade eu nunca vi nada de suspeito na amizade dos dois. Mas não achava normal um homem e uma mulher serem tão amigos.

Dei uma olhada pela janela para ver como estava o tempo. A tempestade parecia ainda mais forte e não dava sinal de que iria passar. Acabei me convencendo de que iria passar a noite naquele lugar. Mas não estava com o menor clima para participar de festa nenhuma.

Deitei na cama e liguei a televisão, mas nenhum canal estava pegando. Tentei dormir, mas o barulho não deixava. Pensei que talvez se bebesse alguma coisa conseguiria dormir. Então me levantei e segui em direção a música. Ela vinha da última porta do corredor. Eu abri a porta um pouco sem graça por não conhecer ninguém ali.
Continua...

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