quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sacrifício - Parte um

Eu já estava dirigindo há mais de uma hora quando começou a cair um temporal muito forte. Mal dava para enxergar a estrada. E, embora eu quisesse passar toda a noite na estrada, achei mais sensato parar e esperar que a chuva diminuísse um pouco.

            Estava muito chateado. Tive uma briga feia com Caroline, minha noiva. Não agüentava mais ouvi-la repetir que Felipe era apenas seu amigo, que eles eram como irmãos. Aquela desculpa não servia mais para mim. Por mais que eu fosse um cara compreensivo, não dava para aceitar a amizade deles numa boa. Eles não se desgrudavam. Ela passava mais tempo com ele do que comigo. Ainda ficava repetindo que eu era muito ciumento.

            Naquele dia, fiquei tão irritado que resolvi pegar a estrada sem rumo. Só queria dirigir sem direção certa. Isso me dava uma sensação de liberdade e fazia com que eu me sentisse melhor. Mas aquela chuva não estava nos meus planos. E por mais que eu estivesse aborrecido, não era tão burro a ponto de me arriscar debaixo daquela tormenta.

            Parei no acostamento por alguns minutos, até que um letreiro luminoso chamou minha atenção. Estava distante, não dava para ver o que dizia. Então decidir me aproximar. Talvez fosse algum bar onde eu pudesse me abrigar da chuva e beber alguma coisa quente.

            Liguei o carro, e dirigi bem devagar em direção ao local. Era um hotelzinho de beira de estrada. Simples, mas debaixo daquele temporal, até uma choupana me pareceria uma mansão.

            Em frente ao hotel havia algumas vagas cobertas, onde eu estacionei. Havia apenas um veículo parado no local, o que achei estranho, porque ouvi música e vozes lá dentro. Era uma Mercedes bem antiga, mas em perfeito estado.

            Assim que saí do carro tive uma sensação esquisita. Pensei que talvez devesse voltar para casa, procurar a Carol e conversar. Mas debaixo daquele temporal não seria seguro. Então peguei o celular para ligar para ela, mas estava dando fora de área. Pensei se deveria realmente entrar naquele lugar. Estava indeciso. Mas ouvi alguém dizer:

            - Não é seguro dirigir debaixo dessa chuva. Ainda temos alguns quartos vagos.

            Quando me virei, fiquei impressionado com o que vi. Era uma mulher de uns vinte e cinco anos. Linda. Tinha cabelos ruivos, cacheados que iam até um pouco abaixo do ombro. Seus olhos pareciam duas pedras de topázio. Tinha um corpo escultural. A luz que iluminava a entrada brilhava sobre ela como um holofote.     

            - Então, não quer entrar? – Sua voz chegou até meus ouvidos como se fosse música. Se ela estivesse no mar, diria que era uma sereia tentando me encantar.

            Já eram onze horas. O telefone não funcionava. Achei que a melhor opção seria aceitar o convite. Ainda mais, vindo de uma mulher tão encantadora.

- Estou indo. – Foi a única coisa que conseguir dizer.


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